domingo, 13 de julho de 2008


João Guimarães Rosa

Em 1952 realizou a viagem que marcaria seu fazer literário: atravessou o sertão mineiro de Três Marias a Araçaí, acompanhando uma boiada. Foi ali que conheceu Manuelzão, vaqueiro que inspirou o personagem de mesmo nome do livro Manuelzão e Miguilim. Em toda a vida, chegou a publicar seis livros, entre os quais: Corpo de Baile (1956), Grande Sertão: Veredas (1956) e Primeiras Estórias (1962). Guimarães Rosa faleceu em 1967, três dias depois de tomar posse da Academia Brasileira de Letras.

Guimarães Rosa recria a linguagem regional de forma extremamente elaborada. Baseando-se na linguagem da região em que "ocorrem" as histórias narradas, o autor cria palavras novas, recupera o significado de outras, empresta termos de línguas estrangeiras, estabelece relações sintáticas surpreendentes.


Manuelzão

Um velho sertanejo de prosa agradável, sempre disposto a receber uma visita com bom humor e contar '"causos" dos mais peculiares e interessantes. Essas são algumas das características que marcaram a personalidade de Manuel Nardi, que inspirou o escritor mineiro João Guimarães Rosa a criar um de seus mais famosos personagens: Manuelzão.

Em 1952, Manuel Nardi conheceu Guimarães Rosa, que já era consagrado pelo livro Sagarana. Naquela época, Manuelzão era capataz das boiadas do fazendeiro Chico Moreira, primo do Guimarães. O encontro entre o vaqueiro e o escritor se deu quando Guimarães decidiu acompanhar uma viagem da boiada do primo. Daqueles 10 dias pelo sertão de Minas, resultariam dois de seus livros mais importantes: Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile, livro de contos e novelas que depois foi dividido em três volumes – Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do Sertão.

A história e experiência de Manuelzão mantêm viva uma época em que o homem e a natureza não conviviam com tantos conflitos. Assim como na literatura de Guimarães Rosa, que busca preservar a vida e a linguagem sertaneja, o Projeto Manuelzão luta por preservar não apenas o sertão, mas toda a bacia do Rio das Velhas.


Museu de Manuelzão

Além dos pertences, o lugar onde o valente capataz de longas barbas viveu ainda preserva a sua memória em objetos que integram um centro de convivência com sala multimeios, acervo bibliográfico e fotográfico do vaqueiro. O espaço também atende ao grupo de contadores de história do Projeto Manuelzão, que se apresentou no quintal da casa em Andrequicé, distrito de Três Marias.


Comparação da música “Assentamento” com a frase “o sertão é do tamanho do mundo”.

A música “Assentamento” retrata o sertão como uma nação. É possível perceber no verso: “Amplidão, nação, sertão sem fim”, que o autor, Chico Buarque, analisa nesse espaço (sertão-mundo) o sertanejo não sendo apenas o homem de uma região e de uma época específicas, mas homem universal defrontando-se com problemas eternos: o bem e o mal; o amor; a violência; a existência ou não de Deus e do Diabo. Daí classificar-se seu regionalismo como regionalismo universalista.

Letra da Música "Assentamento"

Composição: Chico Buarque

Quando eu morrer, que me enterrem
na beira do chapadão
- contente com minha terra
Cansado de tanta guerra
Crescido de coração

Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora!

Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora!

Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora!

Um comentário:

marcos disse...

Flávio,a foto do Manuelzão saiu trocada. Eu posso lhe enviar duas imagens que possuo. Talvez você goste. Uma é original dos anos 50.Talvez ninguém tenha esta que pretendo enviar-lhe.A outra é cópia de uma original.